A Fuga da Senhora do Calfão
A fuga da Senhora do Calfão (Távora)
Subindo a alcantilada encosta sobranceira à povoação de Távora, alcança-se, percorridos dois ou três quilómetros, um pequeno planalto. Eleva-se aí um outeirozinho debruado pelas ruínas de uma muralha. Dentro há restos de pequenas edificações, fora quatro desmanteladas paredes de uma capelinha.
Outrora a padroeira da capelinha (Nossa Senhora dos Prazeres [também conhecida por Senhora do Calfão]) era anualmente festejada com uma grande romaria. Os povos de dezoito freguesias para lá se dirigiam procissionalmente com os respetivos párocos, irmandades, etc. Em volta da capela organizava-se boa feira.
As rixas e desavenças entre os povos das diferentes freguesias explodiam ali com grande violência, transformando aquele recinto em campo de batalha. Pouco a pouco, a concorrência de romeiros e feirantes foi diminuindo até que cessou de todo.
Então foi construída uma pequena capela junto à povoação de Távora e para lá foi transferida a imagem de Nossa Senhora. Esta, porém, desaparecendo repetidas vezes da sua nova morada, ia aparecer na antiga.
- Milagre! - exclamava-se.
Os fundadores da nova capela, mostrando-se céticos sobre tal preferência foram-se à antiga capela e destelharam-na.
Não tendo já por onde escolher, a imagem resignou-se.