Altar de São João - Sendim
Denominação:
- Altar de São João / Templete Romano do Cabeço de São João
Localização:
- Na encosta do Monte do Cabeço de São João – Freguesia de Sendim.
Classificação:
- Inexistente.
Época de Construção:
- Período Romano.
Cronologia Histórica Sumária:
- Entre cerca de 200 anos a.C. e cerca de 400 anos d.C. (Época Romana) – Provável edificação de um Vicus no lugar de Fontelo e de um templete na encosta do Cabeço de S. João, presumivelmente dedicado a alguma divindade autóctone da Lusitânia, romana ou romanizada.
Alta Idade Média
- Provável destruição das estruturas com a chegada dos povos bárbaros e, posteriormente, com a ocupação árabe.
- Séc. XIX e XX – Aparecimento de inúmeros materiais arqueológicos com a intensificação do granjeio dos terrenos.
Tipologia
- Sítio arqueológico composto por estação identificada como sendo do período Romano, localizado na encosta do Monte do Cabeço de São João, sobre o limite superior da estação romana do Fontelo, local onde têm sido encontrados materiais de construção romana, como por exemplo tegulae e imbrices.
O que chegou até nós é um afloramento granítico com alguns degraus escavados, que poderá ter servido de acesso e de assentamento a um pequeno templete rural romano, mais precisamente os degraus de acesso a esse pequeno templo que seria composto por minúscula cela, provavelmente edificada com materiais perecíveis, segundo arqueólogos da empresa Arqueohoje, Lda.
Futuras escavações arqueológicas permitirão trazer mais luz acerca da sua função, forma e materiais com que foi edificado, bem como a que divindade foi, outrora, dedicado o templo, caso venha a ser encontrada alguma lápide com inscrição epigráfica (algo a que os romanos sempre dedicaram séria atenção - veja-se o caso do santuário de Panoias, perto de Vila Real).
A estrutura que ainda hoje se preserva é constituída por um patamar superior, de configuração rectangular e cantos boleados, atingindo o comprimento de 372 cm e a largura de 250 cm. O patamar apresenta, em parte, um rebordo com 20 cm de largura e 15 cm de altura máxima. Esse rebordo encontra-se, ao centro, bastante gasto, provavelmente por ter sido, quiçá posteriormente, uma área de passagem.
O acesso ao patamar é feito por dois degraus que acompanham quase todo o seu comprimento. O primeiro degrau encontra-se desnivelado em 28 cm relativamente ao patamar superior e possui uma largura máxima de 45 cm. O segundo degrau, já parcialmente fragmentado, encontra-se desnivelado em 33 cm relativamente ao degrau superior e possui junto ao seu canto inferior direito uma cova de configuração circular com 10 cm de diâmetro.
Entre os dois degraus, no canto superior direito, do lado Este, foi escavado um degrau intermédio que poderá ter servido como acesso principal à plataforma onde assentava o pequeno templo.
Por detrás do rebordo superior, no seu canto superior esquerdo, parece ter sido escavada, numa saliência do afloramento granítico, uma espécie de almofada, tal como costumava ser feito nas pedras almofadadas romanas.
Ao seu lado, também a Oeste, no canto da plataforma superior, encontra-se escavada uma pequena abertura onde poderá ter encaixado parte da estrutura, quiçá em madeira, do templo.
Estamos perante importantes e raros vestígios do que parece ter sido um pequeno templo do período romano, dedicado a alguma divindade pagã autóctone, romana ou romanizada que serviria o importante Vicus romano que outrora existiu no lugar do Fontelo e cujos achados arqueológicos se estendem por cerca de 8 hectares.
Nesta área territorial que se estende entre os rios Tedo, Torto, ribeira da Teja e até, talvez, ao rio Côa, existiu o povo dos Arabrigenses (com capital em Marialva - Aravi) - de génese Turdulo-Lusitana, posteriormente romanizado – e que se encontra referenciado como tendo sido um dos povos tributários da construção da ponte de Alcântara, em Espanha, de que foi deixada notícia também no terminus Augustalis descoberto em Goujoim, em Armamar, que assinalava a fronteira entre os Arabrigenses e os Coilarni, que já predominariam para Oeste e cuja capital terá sido Lamecum.