Chavães
HISTÓRIA:
Chavães implanta-se no topo da Serra a que deu o seu nome. Envolvem-na extensas áreas de souto e de pinhal, dos quais advém muito do seu sustento, e que são entrecortadas por abundantes fragas e morros graníticos, imprimindo-lhe uma tipicidade própria de paisagem de planalto beirão.
O seu topónimo, Chavães, reporta-nos para uma antiga “villa Flavianis”, enquanto patronímico com origem no nome de um antigo possessor romano (latino-cristão), de nome “Flavius”. Os vestígios arqueológicos do período romano encontrados na área da freguesia reforçam esse entendimento.
A povoação já existia na Idade Média, tendo D. Afonso III renovado e confirmado em 27 de setembro (ou novembro, segundo alguns autores) de 1269, o foral que os Senhores de Baião (Azevedos), senhores da terra, teriam anteriormente concedido a Chavães no ano de 1265.
Tradição oral antiga refere que em tempos idos existiu nesta localidade um “hospital”, sendo possível que na Idade Média aí tivesse existido um albergue de passagem. No entanto, não existem quaisquer documentos que comprovem esse facto.
Já em 1527, no Cadastro do Reino, aparece a referência ao concelho de «Chavões», que contava 71 moradores (fogos habitacionais), sem qualquer outro lugar ou quinta no seu termo. Aparentemente, não existiria ainda a povoação de «Vale de Figueira», cuja paróquia seria criada no seu termo apenas na segunda metade do séc. XVIII. Em 1537 a propriedade da terra de Chavães aparece referida como sendo do Infante e já não dos Azevedos, Senhores de Baião.
A primeira notícia escrita da sua paróquia, dedicada a São Martinho de Tours, surge na primeira metade do séc. XVI, enquanto anexa da Igreja de Barcos, cujo reitor apresentava o respectivo cura, depois vigário.
Em 1708, a vila de «chavãis» é referida como possuindo 160 vizinhos (fogos habitacionais) e a igreja paroquial, com a invocação de S. Martinho, como curato anexo à igreja da vila de Barcos. Relativamente ao seu governo civil, era exercido por um juiz ordinário, dois vereadores, um procurador do concelho, um escrivão da câmara, um alcaide e uma companhia de ordenanças (provavelmente com respetivo capitão). Em termos económicos era dada como abundante em pão, castanha, gado e caça miúda.
Com as Memórias Paroquiais de 1758, o pároco de Chavães, Pe. José Rodrigues Penha, deixou vertido que a vila de «chavais está na provincia da Beira», pertencendo ao bispado e comarca de Lamego, sendo a paróquia e freguesia de S. Martinho anexa da igreja de Barcos. A vila e concelho pertencia à jurisdição real, contando a freguesia 118 fogos e 350 pessoas «de ambos os sacram(en)tos» e 50 menores. Relativamente ao concelho apenas refere que possuía juiz ordinário, embora saibamos pelas informações de 1708 que possuía, entre outros oficiais, um alcaide.
Na segunda metade do séc. XVIII passou a deter duas freguesias no seu termo, devido à criação da paróquia e freguesia de Vale de Figueira.
O concelho de Chavães, aquando da famigerada reforma administrativa de 6 de novembro de 1836, foi extinto, sendo as suas duas freguesias de Chavães e Vale de Figueira anexadas ao concelho de Tabuaço.
Ainda hoje se mantém de pé o singelo Pelourinho de Chavães, datado de 1698, bem como o edifício que serviu de Cadeia, embora bastante descaracterizado.
Chavães oferece aos seus visitantes a possibilidade de admirarem diversos vestígios arqueológicos que testemunham o seu povoamento antigo, sendo possível referir um casal romano, um sarcófago e uma sepultura, todos no sítio da Seara, bem como uma pedra almofada romana, no Largo da Praça, sendo certo que muitos outros deverão existir.
No campo da arquitetura religiosa, a preferência vai para a Igreja Paroquial de Chavães, com fundação incerta e interessantes soluções arquitetónicas, nomeadamente a galilé que a antecede e que liga o corpo da igreja à sua torre sineira, e que por diversas vezes terá sido alterada. O seu interior guarda fascinantes altares dos estilos barroco, rocaille e neoclássico, sendo de destacar o excelente teto da nave, de madeira corrida formando abóbada de berço abatido completamente coberto por pintura com motivos arquitetónicos ilusórios em perspetiva, representações hagiográficas e das virtudes. Dentro da povoação é ainda possível visitar a Capela de Nossa Senhora dos Milagres e a Capela de Santa Maria Madalena. Existe ainda um Nicho de Alminhas.
Na arquitetura civil, além de inúmeros edifícios residenciais de arquitetura vernácula tradicional, poderão ainda ser referidos o Cruzeiro dos Centenários de Chavães, a Fonte da Pipa e o antigo Forno do Povo, cuja arrematação da sua construção foi discutida em sessão da Câmara de Tabuaço de 2 de julho do ano de 1837.
O cancioneiro popular é mantido até hoje através do Rancho Folclórico de Chavães.
Igreja Paroquial de Chavães (Igreja de São Martinho)
(GPS: 41º 05’ 08.78’’N / 7º 34’ 02.64’’W)
Templo de arquitetura maneirista e barroca, com planta longitudinal composta por nave antecedida por nártex, capela-mor mais estreita e sacristia adossada à fachada lateral esquerda. O interior é iluminado por janelas em capialço rasgadas na fachada lateral direita, possuindo coberturas interiores diferenciadas de madeira, a da nave em falsa abóbada de berço abatido e a da capela-mor com teto octogonal, rematado por medalhão central espiralado, em talha dourada.
A fachada principal, em empena, encontra-se rasgada por porta de verga reta, antecedida pelo nártex, com acesso por arcos de volta perfeita laterais, flanqueados por pilastras, e ao qual se encontra adossado um campanário de dois registos, o inferior cego e o superior rasgado por dupla sineira, acessível por escadaria que se lhe adossa na face posterior. Todas as fachadas encontram-se circunscritas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos, rasgando-se uma porta travessa de verga reta, na fachada lateral esquerda.
No interior destaca-se a cobertura da nave, em estilo rococó, pintada com motivos arquitetónicos ilusórios em perspetiva, com representações hagiográficas e das virtudes, ressaltando várias inscrições, além da representação de corpo inteiro do orago, São Martinho. Ainda na nave pode observar-se o coro-alto, o púlpito de estilo Joanino no lado do Evangelho, o arco triunfal de volta perfeita ladeado por retábulos colaterais de talha dourada e policroma, em estilo Rococó, feitos em 1777, de planta convexa e remates contracurvados, de influência borromínica. Estes altares terão inspirado a estrutura do retábulo lateral e oratório da Epístola, executados em oitocentos. Já o oratório do lado do Evangelho apresenta estrutura neoclássica, com cobertura em falsa cúpula.
Na capela-mor o destaque natural vai para o retábulo do altar-mor, por diversas vezes alterado, de planta reta e três eixos, com trono maneirista, de três degraus, decorado com motivos fitomórficos e cartelas, e os restantes elementos em talha dourada de estilo barroco nacional. Um antigo confessionário encontra-se inserido em nicho lateral que se rasga na caixa murária.
DADOS GERAIS:
- Concelho: Tabuaço
- Área: 9,94 km²
- População: 299 habitantes. (censos 2021 - resultados provisórios)
- Orago: S. Martinho de Tours
LOCAIS DE INTERESSE:
- Igreja Matriz de Chavães (São Martinho)
- Pelourinho de Chavães, Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto n.º 23122, de 11-10-1933
- Capela de Nossa Senhora dos Milagres
- Capela de Santa Madalena
- Antiga Cadeia de Chavães
- Fonte da Pipa
- Cruzeiro dos Centenários
- Forno no Povo
- Nichos de Alminhas
- Diversos moinhos
- Casal Romano da Seara
- Sarcófago da Seara
- Sepultura da Seara
- Pedra almofadada romana, no Largo da Praça
FESTAS E TRADIÇÕES:
- Nossa Senhora dos Milagres – Último fim de semana de julho
- S. Martinho - 11 de novembro
ASSOCIATIVISMO:
- Rancho Folclórico de Chavães
PERCURSOS PEDESTRES