Balsa
HISTÓRIA
Incluída na área do Alto Douro Vinhateiro, classificado como Património Mundial pela UNESCO desde 2001, a povoação antiga de Balsa, apresenta-se implantada num esporão da margem direita do rio Távora.
O topónimo de Balsa poderá advir, segundo alguns autores, de “charco” ou “dorna em que as uvas são conduzidas”. Relembre-se que balsa é terra duriense, com forte componente vitivinícola, mais até do que Desejosa, sede da freguesia.
No que concerne à sua história, há que referir que, já no ano de 1291, Balsa, enquanto terra do Couto de São Pedro das Águias, então composta por sete casais, foi declarada por D. Dinis como não estando isenta do pagamento da «parada», sendo desse modo obrigada a contribuir com um soldo para esse imposto, além dos demais foros.
Deverá remontar aos sécs. XIV / XV a edificação da primitiva ermida, o mesmo sucedendo com a vetusta imagem de Santa Luzia que se guarda no seu interior.
Balsa, enquanto lugar do concelho de Valença, beneficiou, em 16 de maio de 1514, do foral que D. Manuel concedeu a "Valemça do moesteiro de S. Pedro das Aguias", nele aparecendo referida. Por esta época os visitadores da ordem de Cister censuraram os poucos monges de S. Pedro das Águias por deixarem as povoações do couto quase sem ofícios divinos, ministrados pelos próprios ou por curas que se tinham obrigado a apresentar, apesar de terem já as suas capelas e igrejas construídas, sendo penoso às populações deslocarem-se ao mosteiro para o efeito.
O Cadastro do Reino de 1527 regista-a como lugar do “comcelho de valemça” contando, então, 6 moradores (fogos habitacionais). Dez anos depois, há notícia de, no civil, pertencer a Luís Alvares de Távora.
É conhecida a porção que a Colegiada de Barcos tinha nas suas igrejas anexas durante o séc. XVII, nomeadamente na Igreja de Balsa, e que se cifrava em 22 alqueires de trigo e 2$400 reis em dinheiro. No entanto, nessa época as paróquias de Balsa e de Desejosa já deveriam possuir pároco único, devendo aquela porção reportar-se às duas paróquias unidas, que haviam passado a ser filiais de Barcos, talvez por desleixo e decaimento da importância do Mosteiro no século XVI. Em inícios do séc. XVII deverá ter ocorrido uma remodelação ou ampliação do templo de Balsa, com feitura dos interessantes altares colaterais ao arco do cruzeiro.
Em 1708, há notícia de que a paróquia e curato de “S. Eulalia de Balfa & Defejofa” era anexa à Igreja de Nossa Senhora da Assunção de Barcos. O orago de Santa Eulália aparentará ser lapso, dado não se reportar a qualquer dos oragos das duas paróquias anexas.
Durante o segundo quartel do séc. XVIII foi levantado o interessante retábulo do altar-mor, em estilo joanino, e que veio complementar o teto de caixotões pintado com retratos de santos, do início do mesmo século.
Em 1758, nas respetivas Memórias Paroquiais, redigidas pelo Cura Manuel de Moura Coutinho, o pároco referiu que as duas freguesias que “hoje se achaõ unidas”, de “Balça” e “Dezejoza” são ambas do termo “da villa de Valença do Douro”, curadas por um só pároco, que era cura ad nutum apresentado pelo Reitor da Colegiada de Barcos. Aludindo à, então, freguesia de Balsa, escreveu que possuía 22 fogos habitacionais e 77 habitantes. No que concerne à sua igreja, escreveu que o seu orago era o “Invicto Mártir Saõ Sebastiaõ”, descrevendo os respetivos altares e imagens dos santos, ainda hoje existentes.
Tal como o resto do concelho em que se inseria, passaria, no ano de 1759, para a Coroa devido ao julgamento dos seus donatários, os marqueses de Távora.
Em 6 de novembro de 1836, com a extinção do concelho de Valença do Douro, todas as suas freguesias, incluindo a Desejosa, à qual a antiga freguesia de Balsa se fundiu devido ao número insuficiente de eleitores para continuar a ser freguesia autónoma, foram anexadas ao concelho de Tabuaço. Através do Decreto de 24 de outubro de 1855, as freguesias de Valença do Douro e Desejosa (incluindo Balsa) acabaram por ser transferidas para o concelho de São João da Pesqueira. Em 1878 encontrava-se no Julgado de Ervedosa, até que em 7 de setembro de 1895, a freguesia de Desejosa, e o lugar de Balsa, retornaram definitivamente para o concelho de Tabuaço.
Quem demoradamente calcorrear as ruas de Balsa, algumas delas íngremes, deparar-se-á com diversas casas de habitação, lagares e lojas em xisto, apenas com algumas paredes pintadas de branco e com faixa escura no rodapé. No alto, a rua principal desemboca no pequeno largo fronteiro à Capela de S. Sebastião, antiga paroquial, rodeada por adro murado e implantada em autêntico miradouro.
Pode-se também observar a Capela de Santo Ildefonso, reconstruída há cerca de quarenta anos, e muito famosa no séc. XVIII, por a ela acorrerem rogações que saíam das paróquias vizinhas para virem pedir à milagrosa imagem a proteção contra as sezões. A imagem do santo encontra-se atualmente abrigada no interior da Capela de São Sebastião.
CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO – LUGAR DA BALSA
GPS: 41°08'34.7"N 7°33'02.5"W
A capela de S. Sebastião de Balsa, de provável fundação medieval, terá sido reconstruída em inícios do séc. XVI. O edifício que chegou até nós apresenta-se com elementos dos sécs. XVII e XVIII.
De modestas proporções, possui planta longitudinal composta por nave e capela-mor retangular. A fachada principal é composta por portal de verga reta com empena truncada por sineira em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e remate em pináculos. No interior, o corpo da nave possui cobertura de madeira em masseira, sendo o da capela-mor composto por caixotões de talha dourada joanina, formando falsa abóboda de berço abatido, com tábuas representando diversos santos.
Os altares colaterais ao modesto arco cruzeiro ostentam, ainda, os típicos elementos dos retábulos da centúria de seiscentos, em estilo maneirista.
O retábulo-mor, por seu turno, demonstra a graciosidade do barroco joanino aplicado a um templo de feição vernacular e de pequenas dimensões, com elementos arquitetónicos em talha dourada e policroma pontuados por anjos, festões e baldaquinos.
Este templo está classificado como Monumento de Interesse Público.
Portaria 257-2011 de 27.01.2011
LOCAIS DE INTERESSE
- Povoação de Balsa, toda a povoação e seus monumentos encontram-se incluídos no Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial – UNESCO, 2001
- Capela de São Sebastião, Monumento de Interesse Público, pela Portaria n.º 257/2011, de 27-01-2011
- Capela de Santo Ildefonso
- Quinta da Carregosa
- Fontenário da Aldeia
FESTIVIDADES
- Festa em honra de São Sebastião - 20 de janeiro
PERCURSOS PEDESTRES