Arcos
HISTÓRIA
No extremo sul do concelho de Tabuaço localiza-se a povoação e freguesia de Arcos, implantada em verdadeiro planalto beirão e soberbamente rodeada de fragas, soutos e terrenos de cultivo.
Segundo alguns autores, o seu topónimo poderá derivar de arcos tumulares ou memoriais que existiam ao longo da via velha que levava a Nagosa. Outros defendem tratar-se de topónimo remanescente de alguns arcos descobertos pelos cavaleiros cristãos da reconquista e que sobressaíam das ruínas causadas pelos muçulmanos na povoação ou villa que ali existiu.
Este lugar acabou por ser doado pelo conde D. Henrique, no século XII, ao cavaleiro-fidalgo D. Garcia Rodrigues, seu prócer e futuro Senhor do Couto de Leomil. São inúmeras as referências que nos surgem do antigo concelho e vila de Arcos desde os finais da Idade Média, cujas justiças eram inicialmente apresentadas pelos Senhores de Leomil, se bem que ao nível paroquial ainda em meados do séc. XVI não passasse de simples capelania anexa e filial da abadia e colegiada de Sendim, cujo reitor apresentava o respectivo cura, depois vigário.
A referência escrita mais antiga que se conhece no que concerne a Arcos remonta ao ano de 1129, em instrumento de doação assinado por Gonçalo Mendes, de São Cosmado, ao cenóbio cisterciense de Salzedas, através do qual fez uma doação, pela alma de seu filho, das oitavas partes do que possuía em Arcos e em Sendim. Posteriormente, no ano de 1214, Arcos aparece pela primeira vez referida como «villa», por ocasião da doação que João Forjas, e sua mulher Dona Loba, fizeram ao Mosteiro de Salzedas das propriedades que aí possuíam, com o fim de poderem ser sepultados em Salzedas.
Em 1527 Arcos aparece descrito no Cadastro do Reino como sendo concelho com um único lugar e possuindo 66 moradores (fogos habitacionais). Em 1708 é referido como vila, com 60 vizinhos (fogos), pertencente à Coroa. No campo judicial e administrativo, Arcos teria nessa época um juiz ordinário, dois vereadores, um procurador do concelho, um escrivão da câmara e uma companhia de ordenanças (com respetivo capitão). Em termos económicos, recolhia muito vinho, castanha, algum azeite e pão, muita caça e gado.
Ainda no mesmo século, mais precisamente em 1758, o Cura de Arcos, Beneficiado Pe. Fernando de Gouveia Magalhães Couraça, referia que a vila e freguesia contava 84 fogos habitacionais, 218 pessoas maiores e 34 menores, não residindo nela qualquer clérigo. Descrevendo a igreja, referiu existir uma Irmandade de Almas cujo padroeiro era São Miguel, objeto de culto em altar próprio, e que ainda hoje se conserva no interior do templo, permitindo-nos admirar o seu fantástico estilo barroco nacional, o mesmo sucedendo com o altar-mor da igreja, ambos executados em finais do séc. XVII ou inícios do seguinte.
O concelho de Arcos foi extinto em 6 de novembro de 1836, passando a freguesia para o concelho de Moimenta da Beira, ao qual foi retirada, em 10 de fevereiro de 1872, a pedido dos seus habitantes, para integrar o concelho de Tabuaço.
Como sinais da antiga autonomia municipal de Arcos, persistem ainda o quinhentista Pelourinho de Arcos, classificado como Imóvel de Interesse Público, bem como os antigos edifícios dos Paços do Concelho, do Tribunal e da Cadeia, embora algo descaraterizados.
Em termos arqueológicos, é possível mencionar o Lagar da Serra, que remontará ao período romano/medieval, a Pedra das Cruzes, provável elemento separador dos termos das antigas paróquias e concelhos de Arcos e Longa, dois troços de viação antiga romanos/medievais, um entre Arcos e Nagosa, e outro entre Arcos e Longa, um sarcófago, junto ao Fontanário, e marcos da Universidade de Coimbra, por ser paróquia cujos dízimos revertiam para a universidade.
No âmbito do património religioso, pode-se admirar a vetusta Igreja de Arcos, com interessantes altares executados nos estilos barroco nacional, rococó e neoclássico, a Capela de Santo António, seiscentista, o Nicho do Senhor do Calvário, de 1811, e o imemorial Cruzeiro da Rua do Castelo.
Na arquitetura civil, além de diversos edifícios com cunho erudito edificados entre os séculos XVII e XIX, sobressai o Forno Comunitário e, especialmente, duas casas com janelas manuelinas.
IGREJA MATRIZ DE ARCOS (SÃO SILVESTRE)
GPS: 41º 03’ 01.29’’N | 7º 34’ 20.19’’W
A igreja paroquial de Arcos, dedicada a São Silvestre, aparenta ter sido reconstruída no século XVII, conservando elementos de arquitetura maneirista, barroca e neoclássica. Na fachada exterior, do lado direito, situa-se a torre sineira de dois registos com dois sinos. No batistério, guarda-se a pia batismal em granito, facetada, de provável feitura quinhentista.
Ostenta uma nave ampla e alta que se prolonga pela funda capela-mor cujo altar conserva retábulo, trono e sacrário em estilo barroco nacional, de finais do séc. XVII ou inícios do seguinte, ao qual foram acrescentados elementos neoclássicos em finais do séc. XVIII, para melhor ligação ao novo teto, que havia sido alteado, passando a conter abóboda de berço de madeira corrida, pintada com florões, marmoreados e motivos figurados de inspiração popular.
Também o teto da nave ostenta atualmente abóbada de berço de madeira corrida, pintada de azul, com medalhão central de forma retangular, representando o orago, para além de outros dezasseis medalhões circulares, interligados por festões, com representações hagiográficas rodeadas por elementos fitomórficos.
Os altares colaterais ao arco cruzeiro, dedicados a Nossa Senhora da Conceição e a S. Sebastião, da segunda metade do séc. XVIII, são em estilo rococó. Riquíssimo é o altar das almas ou de S. Miguel, em estilo barroco nacional, talvez de inícios do séc. XVIII.
DADOS GERAIS:
- Concelho: Tabuaço
- Área: 7,90 km²
- População: 161 habitantes (censos 2021 - resultados provisórios)
- Orago: São Silvestre
LOCAIS DE INTERESSE:
- Igreja Paroquial de Arcos (São Silvestre)
- Capela de Santo António
- Nicho do Senhor do Calvário
- Pelourinho de Arcos, Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto n.º 23122, de 11-10-1933
- Antigos Paços do Concelho
- Antigo Tribunal de Arcos
- Antiga Cadeia de Arcos
- Cruzeiro da Rua do Castelo
- Casa com janela manuelina, no Largo da Nogueira
- Casa com janela manuelina, na Rua António Morte da Costa
- Forno Comunitário
- Moinhos no ribeiro do Corgo
- Quinta das Sameiras
- Quinta de Santa Filomena
- Lagar da Serra
- Pedra das Cruzes
- Marco da Universidade de Coimbra
- Troço de via romana/medieval Arcos/Nagosa
- Troço de via romana/medieval Arcos/Longa
- Sarcófago de Arcos, junto ao Fontanário de Santo António
FESTIVIDADES
- Festa em honra de São Silvestre - 31 de dezembro
ASSOCIATIVISMO
- Associação Desportiva e Recreativa de Arcos
- Arcos Futebol Clube
PERCURSOS PEDESTRES