Adorigo
HISTÓRIA
Adorigo possui um topónimo original e único ao nível nacional. Segundo alguns autores, a povoação poderá ter acabado por adotar o nome do principal povoador, «Aldericus». No entanto, o «lugar do Reygo», tal como surge em 1527, poderá indiciar outras origens toponímicas, também germânicas, nomeadamente «A de (…) O(u)rigo» ou «A de (…) Aunericus», possíveis nomes de um proprietário medieval.
Apesar de tudo, a antiguidade da povoação é demonstrada com o seu orago, em honra de Nossa Senhora de Conduzende, que nos reporta a essas mesmas épocas recuadas, nomeadamente a uma “villa gondosendi”, de um germânico com o nome de «Gundesendo», e que acabaria por ser vertido no próprio orago, após o período da reconquista.
Existem vestígios materiais dessa antiguidade, nomeadamente uma lápide existente no interior da sua igreja paroquial, esculpida em alto-relevo, e que representa uma figura humana aureolada montando um equídeo, que será datável de entre os sécs. XII e XIV, podendo, no entanto, ser mais antiga, do período suevo ou visigótico.
Durante a Idade Média o lugar de Adorigo fez parte do termo do concelho de Barcos, pertencendo o seu padroado à Reitoria da Colegiada de Barcos, que apresentava o respectivo cura. A povoação aparece referida em 1527, no Cadastro do Reino, com a denominação de “lugar do Reygo”, dentro do termo do concelho e “villa de Barcos”, contando então 26 fogos habitacionais. Apesar de não existirem referências, já deveria existir uma capela em honra de Nossa Senhora, de tradição medieval, mais tarde elevada a paróquia.
Consta que, pelos anos de 1660, os moradores dos povos de Adorigo e de S. Martinho terão decidido mudar a capela de S. Martinho para lugar mais decente, dentro da própria povoação homónima, com autorização do visitador, para nela se poder dizer missa e receberem os sacramentos, uma vez que havia enfermos que não se podiam deslocar à Igreja paroquial de Adorigo que era algo distante. Porém, só em 1680 tiveram autorização para nela se celebrar os ofícios divinos, mediante escritura de dote e fábrica, apesar de se tratar de capela de fundação muito antiga aonde vinham clamores e ladainhas dos povos circunvizinhos.
Já em 1708, é referida a existência da igreja e curato de “N. Senhora de Adorigo”, anexa à Igreja de Barcos. E, em 1758, o Cura de Adorigo, Pe. Francisco Xavier de Gouveia, informa que a paróquia de “Nossa Senhora de Conduzende” contava 66 fogos, com 202 pessoas maiores e 45 menores, possuindo a sua igreja três altares e que era cura anual apresentado pelo Reitor da vila de Barcos.
Do séc. XIX chega-nos notícia de um capataz das minas de Rouxemil, onde se explorou chumbo, estanho e galena, que terá oferecido à paróquia uma imagem de Nossa Senhora, em cumprimento de uma promessa, incrementando-se desse modo o forte culto que hoje se conhece em honra da Senhora do Bom Juízo. Em 24 de outubro de 1855, enquanto freguesia do concelho de Barcos, e por motivo da extinção deste último, foi transferida para o concelho de Tabuaço. Por esta época ainda era possível atravessar o Douro a partir de Adorigo, utilizando-se, para o efeito, a barca de passagem do Ferrão, em frente à Quinta de S. Luiz.
Durante os sécs. XIX e XX a povoação conheceu as benesses e vicissitudes do Alto Douro Vinhateiro, onde se insere. O facto mais marcante para a sua população terá sido, talvez, o ciclone que assolou estas paragens em 1940 e que provocou a ruína parcial da igreja matriz. Apenas em 20 de maio de 1984 seria possível à sua paróquia voltar a sorrir com a inauguração das obras de recuperação e ampliação do templo, cuja bênção foi feita por D. António de Castro Xavier Monteiro, Arcebispo – Bispo de Lamego.
Sendo uma freguesia essencialmente agrícola, rica em vinho e azeite, nela se localizam diversas quintas de produção vitivinícola, muitas delas já existentes ao tempo das demarcações pombalinas do Alto Douro Vinhateiro. No seu território estão as instalações da Adega Cooperativa do Vale do Douro de Tabuaço.
Com paisagens inigualáveis, esta freguesia é ponto de observação privilegiado sobre o Rio Douro, possuindo diversos miradouros dos quais se destacam o de S. Martinho, onde se pode visitar a capela do santo homónimo, o miradouro natural do Cerro da Cilha e o miradouro de São Luiz, junto da Estrada Municipal 512, que beneficia de vários pontos de paragem com vistas panorâmicas únicas.
Grande parte da área rural da freguesia de Adorigo encontra-se abrangida pela classificação do Alto Douro Vinhateiro como património Mundial, podendo referir-se a título de exemplo a ponte antiga do Espinho, na Foz do rio Távora, as quintas do Bedeguedo, Galeira, da Eufémia, de Santo António, do Espinho, do Valongo, do Vidiêlo e a de São Luiz, esta última resultante da fusão de diversas quintas mais antigas como, por exemplo, da Fonte Santa e da Lobata. Ainda relacionados com a exploração vitivinícola encontram-se classificados como imóveis de interesse público os Marcos graníticos pombalinos n.os 94 e 95, o primeiro sito no lugar de Saavedra – Quinta do Valongo, junto à estrada de São Martinho, e o segundo no caminho público do Tedo para Adorigo.
No domínio arqueológico refiram-se os vestígios de uma necrópole medieval no largo do Adro, a par com a mencionada lápide medieval, enquanto que no património religioso pontuam a Igreja Paroquial de Adorigo, com feições modernistas classicizantes e que preserva a capela-mor primitiva, grande parte do recheio da antiga igreja e a respetiva torre sineira, reconstruída e deslocada do seu local original, a seiscentista capela de Santo António, junto à quinta do mesmo nome, a capela setecentista de S. Luís, na quinta homónima, e a novecentista capela em honra de Nossa Senhora de Monserrate.
IGREJA PAROQUIAL DE ADORIGO (Senhora de Conduzende)
GPS: 41º 08’ 40.58’’N / 7º 36’23.60’’W
A igreja paroquial de Adorigo, com entrada pela Rua do Seixo, é um templo modernizado, inaugurado em 1984, aproveitando a capela-mor primitiva com seu retábulo barroco e teto de caixotões, sendo ainda possível admirar os dois retábulos colaterais de talha barroca do arco cruzeiro e outros dois retábulos laterais na nave, maneirista e barroco joanino, respetivamente. As pias batismais e o campanário, reconstruído, conservam feição maneirista. Tem por orago a Senhora de Conduzende.
O adro da Igreja é apetecido miradouro sobre o nascente, plantado de vinha e oliveira, entre as quais brilham com o sol ou molhados pela chuva os mil fragmentos de xisto.
CAPELA DE SÃO MARTINHO
GPS: 41º 08’ 50.25’’N / 7º 36’36.38’’W
As origens da povoação de São Martinho remontarão à Idade Média. Tradição secular aponta a sua capela como local de peregrinações, clamores e ladainhas. A capela de São Martinho foi reconstruída dentro do lugar por volta de 1660, subsistindo desse período o seu retábulo maneirista e a imagem do orago.
No exterior, o local funciona como um magnífico miradouro sobre o vale do Douro, zona de elevado interesse paisagístico.
DADOS GERAIS:
- Concelho: Tabuaço
- Área: 10,55 km²
- População: 301 habitantes (censos 2021 - resultados provisórios)
- Oragos: Nossa Senhora de Conduzende; Nossa Senhora do Bom Juízo; São Martinho
LOCAIS DE INTERESSE:
- Igreja Paroquial de Adorigo (Senhora de Conduzende)
- Capela de São Martinho
- Capela de Santo António, junto à Quinta de Santo António (Incluída no Alto Douro Vinhateiro, 2001)
- Capela de Nossa Senhora de Monserrate
- Capela de S. Luís, na Quinta de S. Luiz (Incluída no Alto Douro Vinhateiro, 2001)
- Marco granítico pombalino n.º 94, sito no Lugar de Saavedra - Quinta do Valongo junto à estrada de São Martinho – Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto n.º 35909, de 17-10-1946 (Incluído no Alto Douro Vinhateiro, 2001)
- Marco granítico pombalino n.º 95, sito no caminho público do Tedo para Adorigo – Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto n.º 35909, de 17-10-1946 (Incluído no Alto Douro Vinhateiro, 2001)
- Necrópole medieval de Adorigo, junto à igreja paroquial
- Lápide medieval, dentro da igreja paroquial
- Casa brasonada dos Pereiras, Albuquerques e Távoras, em São Martinho
- Forno do Povo, em São Martinho
- Ponte Antiga do Espinho, na Foz do rio Távora, Quinta de São Luiz, Quinta de Santo António (Imóvel de Interesse Municipal, por Deliberação de 30-05-2009 da Assembleia Municipal de Tabuaço), Quinta do Espinho, Galeira, Quinta do Bedeguedo, Quinta da Eufémia, Quinta do Valongo e Quinta do Vidiêdo – Incluídos no Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial – UNESCO, 2001
- Miradouro de São Martinho
- Miradouro Natural do Cerro da Cilha
- Foz do Rio Tedo
- Estrada Nacional 222
FESTIVIDADES
- Festa em honra de Nossa Senhora do Bom Juízo e Nossa Senhora de Conduzende – 2.º Fim-de-semana de agosto.
- Festa em honra de S. Martinho – 11 de novembro.
ASSOCIATIVISMO
- Associação Amigos dos Idosos e Jovens de Adorigo
PERCURSOS PEDESTRES
Alto Douro Vinhateiro - Património Mundial: