Santo Aleixo

 

Incluída na área do Alto Douro Vinhateiro – Património Mundial, a povoação de Santo Aleixo terá servido, segundo a tradição, de assento ao primeiro mosteiro da região, na Alta Idade Média. Existem, efetivamente pedras trabalhadas, aproveitadas na estrutura do cemitério, que se diz terem pertencido ao primitivo cenóbio. É possível admirar hoje, pelo menos, duas colunas de fuste liso e dois capitéis coríntios, o que poderá indiciar tratarem-se de vestígios de um antigo templo do período suevo ou visigótico, em que era comum haver um aproveitamento dos ensinamentos da arquitetura clássica, mesmo após a queda do Império Romano do Ocidente. 

Documentalmente, é possível referir que a povoação de Santo Aleixo aparece mencionada no primeiro Cadastro do Reino, efetuado em 1527, como “lugar de samta leyximo”, dentro do termo do concelho e vila de Barcos, nele se contando, então, 9 fogos habitacionais.

A primitiva capela de Santo Aleixo, ainda existente, implanta-se no topo do lugar homónimo. O templo poderá ter tido origem numa ermida dedicada, talvez desde o séc. XIII, a Santo Aleixo, dando origem ao próprio hagiotopónimo. 

Estão documentadas obras na capela, nos sécs. XVII e XVIII, conforme se pode ver dos capítulos de visitações de Barcos.

Nas Memórias Paroquiais de Barcos, o Reitor da Colegiada, Pe. José Rodrigues Pereira, escreveu que a paróquia de Nossa Senhora da Assunção abrangia a vila de Barcos e o Lugar de Santo Aleixo, esquecendo-se, porém, de descriminar a capela do lugar. 

Devido à sua localização, acabou por ser construída, nos finais do séc. XX, uma nova capela no meio do povo, junto à estrada nacional, para maior comodidade da população, embora se mantenha o culto e romaria anual à capela antiga. 

Contam os mais velhos que em tempos já recuados da mala-posta aqui se dava a muda de cavalos e se tomavam as celebres sopas de cavalo cansado.

Na área de Santo Aleixo encontram-se diversas pequenas quintas e construções dedicadas à exploração vitivinícola, principalmente no denominado Serro de Santo Aleixo, onde se destaca um conjunto de edifícios edificado, pelo menos, a partir do séc. XVII, e que compreende, na atualidade, duas estruturas principais: a conhecida Quinta do Serro e os denominados Armazéns da Quinta do Monte Travesso. Além daquelas existem outros pequenos edifícios, todos em ruína, que pertenceram antigamente a inúmeros proprietários. 

A Quinta do Serro, propriamente dita, ficou celebrizada ao ser utilizada por Abel Botelho como enredo do conto O Cerro, da obra Mulheres da Beira, descrevendo-a de forma bastante pormenorizada e real, tal como pode ainda hoje ser observada, apesar de se encontrar em ruína. A casa principal encontra-se datada de 1829, provável época de grandes melhoramentos. Em finais do séc. XIX deveria encontrar-se já devoluta atendendo aos grandes problemas causados pela filoxera e outros males das vinhas que levaram à falência de muitos agricultores e produtores do Alto Douro.

Relativamente aos grandes armazéns e casa de lagares do Monte Travesso, sabe-se que pertenceram, outrora, à família Azevedo Leitão, de Tabuaço, proprietários rurais e ferrenhos miguelistas, de onde descende, pelo lado materno, o escritor Abel Botelho, facto que terá possibilitado a este último o perfeito conhecimento da propriedade fronteira, informação que foi utilizada para a sua descrição, de uma forma tão completa, no conto O Cerro.

Santo Aleixo tem, ainda, a particularidade de organizar a Festa da Bêbera, na qual se celebra esta variedade de figo preto, grande, alongado e com polpa vermelha, produzido nesta pequena localidade e que possui grande qualidade.

 

 

• Povoação de Santo Aleixo (Incluída no Alto Douro Vinhateiro, 2001)

• Conjunto Edificado do Serro de Santo Aleixo (Quinta do Serro e Armazéns do Monte Travesso no Serro) (Incluído no Alto Douro Vinhateiro, 2001; Classificado com Conjunto de Interesse Municipal, por Deliberação da Assembleia Municipal de Tabuaço de 30.09.2005)

• Vestígios medievais junto à antiga Capela de Santo Aleixo e seu cemitério (Incluídos no Alto Douro Vinhateiro, 2001)

• Capela de Santo Aleixo (antiga) (Incluída no Alto Douro Vinhateiro, 2001)

• Capela de Santo Aleixo (nova) (Incluída no Alto Douro Vinhateiro, 2001)

 

 

• Festa em honra de Santo Aleixo – 17 de julho

• Festa de Bêbera