Guedieiros
HISTÓRIA:
Alguns autores aludem ao facto de Guedieiros já poder existir como comunidade cristã, organizada em torno do seu templo, durante a monarquia suevo-visigótica devido ao orago da sua ermida, em honra que São Marcos. Por sua vez, outros referem que o topónimo Guedieiros provirá do nome próprio e pessoal de “Viduariu(s)”, e aludem ao facto de o foral fernandino-afonsino de Paredes da Beira, de 1055-1065, assinalar, nos limites de Paredes e Sendim, o ribeiro então denominado de “Gavielo”, abaixo do atual lugar de Guedieiros, onde se pode ler «per ponte vetera comodo intrat aqua de Gavielo», afluente do “Tavara”, hoje denominado rio Távora.
Já em 1527, no Cadastro do Reino, o lugar de Guedieiros aparece referido como “qymtã de gabyeyros”, contando, então, com 6 fogos habitacionais.
No ano de 1708, é referido na Corografia Portugueza do Padre Carvalho da Costa, que o lugar de “Guidieiros”, com 30 fogos, possuía uma “Ermida de S. Marcos”, e situava-se dentro do termo do concelho de “Sindim”.
Na segunda metade do séc. XVIII a sua população terá mandado levantar os atuais retábulos da Capela de São Marcos, que nos apresentam exemplos do rococó em Portugal, tendo-se procedido, também, à pintura dos frescos do teto da sua capela-mor. Actualmente conserva, também, diversos painéis pintados com Santos, do séc. XVII, colocados nas paredes da sua capela-mor e que poderão ter pertencido ao cadeiral de algum mosteiro.
No ano de 1758, de acordo com as respetivas Memórias Paroquiais, redigidas pelo Reitor da Colegiada de Sendim, Lic. Manuel de Gouveia Couraça, no termo de Sendim, incluía-se, entre outros, o lugar de “guedieyros com a quinta da Corte nova, e a dos Boaçoens e Carvalha, e outras quintas que dista da villa meya Legoa”. Era composto por 83 fogos habitacionais, existindo no dito lugar de “Guedieyros” uma ermida de “Sam Marcos”, a qual os moradores de Guedieiros “erigiraõ e fabricaõ”, com capelão pago pelo povo para nela lhes dizer Missa em todos os domingos e dias Santos. Era ainda feita alusão a uma capela de São Sebastião, hoje desaparecida, junto ao Rio Távora, em local despovoado.
Pinho Leal, por sua vez, vem referir, em 1880, que a ermida de “S. Marcos, evangelista” em Guedieiros, se encontrava, nessa época, bem preservada e aberta ao culto.
Quem visite Guedieiros poderá apreciar diversos sítios arqueológicos como por exemplo os vestígios de uma Villa romana em Vale da Igreja, de uma outra em Pala, de um casal romano em Estercada Velha ou ainda a necrópole medieval de Baganhos, com sepulturas antropomórficas e as ruínas da Capela de São Sebastião, junto ao rio Távora.
No campo da arquitetura há a referir a Capela de São Marcos, e diversas casas senhoriais, como por exemplo o denominado Solar dos Cabrais, com Pedra d’Armas dos Botos e Sousas Chichorros (ou Sousas do Prado), o denominado solar dos Castilhos Monteiros, sóbrio mas majestoso, berço da ilustre família Macedo Pinto, a Quinta do Rio Távora, entre outras. Destaque, também, para a ponte sobre o Távora que liga Guedieiros a Riodades e cujas obras se terão iniciado em finais do séc. XVIII. Ao deambular pelas suas ruas e pelos seus caminhos rurais, poderá ainda apreciar inúmeras alminhas e cruzeiros.
Capela de São Marcos
(GPS: 41º 01’27.00’’N | 7º 32’12.58’’W)
Este templo de origem provavelmente medieval ostenta arquitetura maneirista com decoração interior do barroco rococó. Possui planta longitudinal composta por nave, capela-mor, sacristia e anexo adossados ao alçado lateral esquerdo, com coberturas interiores diferenciadas, compostas por falsas abóbadas de berço de madeira. É iluminada por janela rasgada na fachada lateral direita do corpo da capela-mor.
A fachada principal, em empena, apresenta-se rasgada por portal de verga reta, com vestígios de construção quinhentista, nomeadamente na marcação do primitivo arco de volta perfeita, ostentando, ainda, duas cruzes insculpidas. Os seus cunhais são rematados por plintos delineados e pináculos. É ladeada por campanário de uma sineira de volta perfeita, com acesso pela face posterior, composto por três registos, revelando um alteamento posterior, pois a tipologia dominante é de dois registos. As restantes fachadas encontram-se rematadas por cornija, sendo a lateral direita rasgada por porta travessa de verga reta. A capela-mor foi acrescentada em altura, sendo visível o remate da cruz da primitiva empena, que ainda emerge da cobertura.
No interior é possível observar a existência de coro-alto de madeira e púlpito quadrangular no lado do Evangelho. O arco triunfal, de volta perfeita, contém no intradorso da sua pedra de fecho um florão insculpido. Encontra-se flanqueado por retábulos colaterais dispostos em ângulo, de talha policroma rococó.
A capela-mor possui retábulo de talha dourada e policroma, também rococó, com panos laterais forrados por painéis representando santos, anteriormente pertencentes a espaldar de cadeiral setecentista, de proveniência desconhecida. O teto da capela-mor é ornado por pintura com motivos arquitetónicos ilusórios em perspetiva, rodeados por concheados e motivos fitomórficos, bem como por grande medalhão central com representação de gosto popular do orago, São Marcos.
LOCAIS DE INTERESSE:
- Capela de São Marcos, sita no Lugar de Guedieiros
- Fontenário de Côrte Nova
- Fonte antiga de Bouções
- Solar dos Cabrais (Botos e Sousas Chichorros, ou Sousas do Prado), no Lugar de Guedieiros
- Solar dos Castilho Monteiro (Macedo Pinto), no Lugar de Guedieiros
- Parque de Merendas
- Calvário e Passos de Via Sacra
- Ponte sobre o Távora, no Lugar de Guedieiros
- Quinta do Rio Távora, no Lugar de Guedieiros
- Ruínas da Capela de São Sebastião, junto ao rio Távora
- Cruz de Bouções
- Alminhas em Guedieiros
- Villa romana de Vale da Igreja
- Villa romana de Pala
- Casal romano de Estercada Velha
- Necrópole medieval de Baganhos
FESTAS E TRADIÇÕES:
- Festa em honra de São Marcos - 25 de abril
- Ronda da Rua Velha – Último fim de semana de julho
- Passeio de Motorizadas
- Queima do Entrudo
ASSOCIATIVISMO:
- Associação Recreativa e de Melhoramento de Guedieiros
- Associação Cultural e Recreativa de Guedieiros – Caracóis da Calçada